Por Marcia Auriani – Publicação: Portal InfoBranding – 10/06/2013
“Uma estratégia que não fale explicitamente sobre os clientes e o ambiente competitivo certamente não conseguirá gerar e manter um nível adequado de conhecimento da concorrência e do cliente na empresa, principalmente quanto aos detalhes importantes, onde o verdadeiro trabalho é realizado.”
Theodore Levitt – Repensando a Gerência
As marcas procuram se identificar e se diferenciar das concorrentes e uma das estratégias encontradas pelo branding é nas causas sociais.
As origens destas novas práticas se relacionam a consumidores, que cada vez mais exigentes e informados, passam a demandar uma contribuição mais direta da empresa na sociedade, exigindo que assumam um papel de agente transformador. Como resposta a estas novas demandas, muitas empresas identificaram que a aproximação com as causas sociais pode impulsionar o fortalecimento da sua imagem e da marca de seus produtos.
Os consumidores ser preocupam e valorizam as marcas que defendem essas ações, mas eles querem saber se a causa é legitima ou meramente uma estratégia de vendas. Quando a causa é algo que faz parte do DNA da marca, excelente. Porém, se é estratégia para vender mais, a imagem fica desgastada e pior, desacreditada.
Corroboro com Kotler que hoje, estamos testemunhando o surgimento do Marketing 3.0, ou seja, a era voltada para os valores. Em vez de tratar as pessoas simplesmente como consumidoras, os profissionais de marketing as tratam como seres humanos plenos: com mente, coração e espírito. Isso significa que cada vez mais os consumidores estão em busca de soluções para satisfazer seu anseio de transformar o mundo globalizado num mundo melhor. Conforme aponta Kotler no seu livro Markentig 3.0, em um mundo confuso, os consumidores buscam empresas que abordem suas mais profundas necessidades de justiça social, econômica e ambiental em sua missão, visão e valores. Buscam não apenas satisfação funcional e emocional, mas também satisfação espiritual, nos produtos e serviços que escolhem para levar a sua casa.
É importante que as empresas estejam atentas para a forma com que apresentam ao mercado o trabalho desempenhado no campo social, integrando a ação social à cultura e aos processos de gestão da marca, para que não corra o risco de ser vista ou interpretada erroneamente, causando a imagem negativa da mesma perante o seu público.
Esse processo de transferência de imagem envolvendo empresa e causa social é possível quando a marca acredita nesta ação e a reconhece como sendo uma ação transformadora para o seu campo de atuação e principalmente se está agindo de maneira ética e socialmente responsável. Para que isto ocorra, a empresa deve privilegiar o desenvolvimento de relacionamentos duradouros entre todos os seus públicos internos e externos, ao mesmo tempo em que evidencia suas ações, através da mensuração do impacto que isso pode causar junto à sociedade.
As atitudes e ações das pessoas estão relacionadas também à percepção que o individuo possui sobre a efetividade das ações sociais desenvolvidas e principalmente como são comunicadas no âmbito interno e externo. É importante ressaltar que a ação social não tem objetivo econômico, está relacionado ao bem estar social, e para alcançá-lo usa os recursos da empresa. A escolha da ação social apoiada pela empresa deve ser percebida como relevante, ou seja, deve ter relevância na mudança social e consistência com a missão e valores da marca, caracterizando uma ação de branding social.
Um programa bem desenvolvido, com visão de longo prazo, pode produzir vários benefícios: melhorar o bem-estar social; criar posicionamento de marca diferenciado; criar fortes laços com o consumidor; aprimorar a imagem pública entre as autoridades públicas e outros tomadores de decisões; melhorar o clima interno; animar os funcionários, e como consequência impulsionar as vendas.
Para ter sucesso é importante desenvolver uma iniciativa de branding relacionada a uma causa, existente ou não, como por exemplo, “câncer de mama” e o mesmo integrar filantropia, relações com a comunidade, marketing e recursos humanos e assim contribuir por um mundo melhor à sociedade. As marcas tem essa responsabilidade e precisam compartilhar por esse movimento.
Marcia Auriani
Marcia Auriani é executiva de branding e gestão do design, ocupando cargos de liderança em empresas nacionais e multinacionais.Mestra em Engenharia da Produção pela Universidade Paulista. Graduada em Administração de Empresas e Pós-graduada em Administração em Marketing pela Fundação Álvares Penteado. Especialista em Marketing na Era Digital, na HSM Educação São Paulo, Comunicação, na ESPM, e Design Management, na LBDI Santa Catarina. Coordenadora dos programas de Pós Graduação de Negócios_Master da BSP Business School São Paulo e Professora das disciplinas de Branding e Gestão do Design. Atua como palestrante e consultora de Branding & Gestão do Design. Co-autora do Livro Gestão do Design, Editora Belas Artes, 2008 e também autora de diversos artigos em periódicos de design, branding e marketing.