Ricardo Basílio Gonçalves – Artigo 11 – 29/01/2013
Com as constantes mutações na sociedade contemporânea, as organizações visualizam hoje um cenário extremamente desafiador e competitivo por causa das influências geradas pelo avanço da tecnologia, pelo desenvolvimento dos mercados, pela vasta concorrência em seus setores e principalmente pelo comportamento das pessoas frente ao consumo.
Um dos maiores nomes da administração brasileira, Idalberto Chiavenato, mencionou em entrevista que, devido à constante mutação dos ambientes, as organizações buscam não mais especialistas que atuam com foco, mas sim, estrategistas que conseguem visualizar o todo e coordenar com excelência as partes. Ou seja, os diversos mercados buscam profissionais visionários que norteiem as organizações através de decisões assertivas e que consigam entender a dinâmica dos processos de toda a empresa, trazendo resultados eficientes a um departamento e principalmente à organização como um todo.
Dos diferentes mercados, o mercado educacional segue o mesmo ritmo e busca ininterruptamente atender às demandas, adequando suas estratégias à nova realidade, hoje até mesmo “temida” por algumas Instituições de Ensino quando o assunto refere-se à era digital. Com este cenário e o fato de o mercado educacional, especificamente as instituições particulares, crescer de forma significativa, aumentando assim a concorrência, a gestão educacional procura novos mecanismos para atingir seus objetivos, destacar-se e alcançar metas estipuladas no ambiente de negócios, sendo uma delas a diminuição da inadimplência nas instituições de ensino.
Segundo pesquisa inédita realizada pelo Semesp (Sindicato das Mantenedoras do Estado de São Paulo), o índice de inadimplência em 2011 foi de 9,5%, acima dos 6% registrados em outros setores da economia. De acordo com o diretor executivo do Semesp, “além de ser alta, a instituição não pode interromper o serviço até o fim do contrato. Isso significa que, se o aluno apenas se matricular e não pagar nenhuma mensalidade, ele terá direito a frequentar as aulas o semestre todo”.
Isto é possível por conta da Lei n° 9.870/99, conhecida como “Lei do Calote”, que não permite a aplicação de penalidades quando o aluno está inadimplente, pois entende-se que o acesso à educação não pode estar atrelado ao pagamento das mensalidades do aluno.
Com tal situação apresentada e enfrentada nos dias atuais pelo mercado educacional, reflexo de alguns elementos considerados determinantes, como a crise mundial, o avanço da concorrência, a constante mutação comportamental do target e as inovações tecnológicas, a gestão educacional procura buscar planos de ação com resultados em curto prazo e decisões assertivas que sustentem os negócios e gerem lucratividade e rentabilidade.
É neste momento que o marketing com foco em serviços, principalmente voltado às instituições de ensino, começa a “monitorar” os pilares (mercado, concorrência, clientes e parceiros) considerados bases nos negócios, com mais precisão e afinco, chegando à implantação da Inteligência Competitiva nas Instituições de Ensino Superior.
Segundo Passos (2005), a Inteligência Competitiva é um programa sistemático de coleta, análise e comunicação da informação sobre as atividades dos concorrentes e tendências gerais dos negócios, com o objetivo de atingir as metas corporativas. Passos, através da conceituação, utiliza o termo ‘programa sistemático’, que significa que os dados devem estar integrados e organizados, sendo um processo contínuo que visa informar os acontecimentos dos ambientes interno e externo, alinhados às metas em busca de subsidiar a alta gestão na tomada de decisões para continuidade e melhoria dos negócios.
As instituições de ensino superiores, especialmente as particulares, estão totalmente preocupadas em acelerar seus processos, ganhar competitividade e serem notadas pelo mercado. E neste momento, os clientes devem ser seus grandes aliados. Para tanto, há um grande trabalho a ser desenvolvido, visto que a Inteligência Competitiva é uma área ainda inovadora, principalmente no mercado educacional, e de extrema importância nas decisões da alta gestão.
Assim, o papel da Inteligência Competitiva é permear os pilares estratégicos já mencionados, analisando dados que se transformam em informações consistentes e que afetam o ambiente da organização, fornecendo com isso elementos que fundamentarão as tomadas de decisão para maior competitividade das instituições.
A internet, por exemplo, é o principal recurso que a Inteligência deve utilizar, principalmente quando o público são os jovens. E para tanto, a Inteligência deve se atentar às redes sociais, como o Twitter, Facebook, Instagram, You tube, entre outras, que têm como objetivo aproximar pessoas de um bem comum e formar opinião dos mais diversos assuntos, que podem tranquilamente interferir nos negócios das Instituições de Ensino.
As redes sociais na internet congregam 94,2 milhões de brasileiros por mês. Nada menos que oito em cada dez pessoas conectadas no Brasil têm seu perfil estampado em algum site de relacionamentos (VEJA, 2011).
As Instituições de Ensino devem se atentar a isto, pois a influência das redes sociais é inegável, sendo uma ferramenta irreversível e fundamental para a sustentabilidade da marca, dos produtos e serviços oferecidos ao público.
Portanto, desenhar a área de Inteligência Competitiva e implantá-la dentro de uma Instituição de Ensino requer elementos que se tornam decisivos para o sucesso dos negócios, como o investimento no capital intelectual, os objetivos e estratégias bem traçadas de acordo com o desenvolvimento de seus mercados, a cultura da organização, bem como o literal apoio de todos os departamentos envolvidos no processo de gestão organizacional focada na Inteligência.
Referências:
PASSOS, Alfredo. Inteligência Competitiva: Como fazer IC acontecer na sua empresa.1 ed. São Paulo: LCTE editora, 2005.
As pessoas fazem a diferença. Disponivel em: http://www.youtube.com/watch?v=tVVipZT1cZU. Data de acesso: 27. nov.2012.
Fundo de Financiamento Estudantil dobra número de inscritos. Disponível em: <http://www.abruc.org.br/003/00301015.asp?ttCD_CHAVE=167792>. Data de acesso: 01.dez.2012.
VEJA – Nos laços (fracos) da internet. Disponível em: http://veja.abril.com.br/080709/nos-lacos-fracos-internet-p-94.shtml. Acesso em 01.dez.2012
Ricardo Basilio: Graduado em Propaganda e Marketing pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo; com especialização em Marketing e formação complementar em Inteligência Competitiva pela Escola Superior de Propaganda e Marketing; Coordenador de Planejamento Estratégico do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo; Professor de pós-graduação na BSP – Business School São Paulo e Professor de Graduação no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.